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Foto do escritorLeonardo Ramos

Around The House: Entrevista com a banda Taverna




O som é retumbante deste que é um dos mais bem sucedidos conjuntos de música celta do Brasil. Com uma bela carreira de shows no Brasil e exterior, e um maravilhoso álbum lançado em 2020 em todas as plataformas de streaming, a banda Taverna aquece a cena Irish mineira e exporta o som Irlando-brasileiro para audiências cada vez mais globais.


Nunca os conheci pessoalmente, e, neste vasto país que é o Brasil, sequer tive a oportunidade de ouvi-los ao vivo – mas sinto-me estranhamente conectado a eles por intermédio deste interesse comum nas coisas da música irlandesa. Já cheguei, inclusive, a trocar uma idéia com o senhor João Gabriel, flautista e gaiteiro da Taverna, sobre ventos irlandeses e afins. E não foi senão aproveitando das flexibilidades virtuais estimuladas pela realidade Pandêmica que, acometido pela vontade de conhecer melhor este som deles, convidei o João para responder esta entrevista – e ele, por sua vez, levou as perguntas à banda, que dividiu-as entre seus membros, para que cada um respondesse o que melhor soubesse ou animasse!



Sem mais delongas: senhoras e senhores, a banda Taverna, em entrevista para O Pint Diário.


O PINT DIÁRIO – Melhor do que eu apresentá-los, é vocês se apresentarem! Quem são os músicos que tocam na Taverna?

TAVERNA – O Taverna é composto por Mariana Roque (vocais, harpa e wooden spoon), Rafael Salobreña (bodhrán e percussão), Rômulo Salobreña (fiddle e hurdy gurdy), Gustavo Fofão (violão e bouzouki) e João Gabriel (flautas, Uilleann Pipes, banjo e bandolim).


PINT – Desde quando vocês tocam juntos? O que despertou o interesse de cada um de vocês pela música irlandesa?

TAVERNA – A banda foi fundada, no final de 2012 pela Mari e os irmãos Salobreña. O Fofão entrou para a banda em 2013, e o João em 2017, chegando assim à formação atual.

Sobre a música irlandesa e medieval, celta e folk, acho que nós 5 já éramos desse mundo. Já gostávamos tanto desta cultura em si quanto dos seus desdobramentos em forma de fan fiction na atualidade (livros, filmes, séries, games, etc). Esse é o ponto de encontro musical entre nós 5, e sempre foi muito antes de começarmos a tocar juntos.


PINT – Que influências, dentro e fora da Irish Trad, vocês trazem para o som de vocês?

TAVERNA – Dentro da música celta/irlandesa, temos forte influência de bandas que são referências em interpretação e arranjo de temas tradicionais, como Solas, Lúnasa, We Banjo 3, Old Blind Dogs, Gaelic Storm. Também temos influências diretas de intérpretes e compositores de canções, ainda dentro do trad: The Dubliners, The High Kings, etc. Fora desse cenário, as influências são diversas, desde a música escandinava até os artistas da música mineira. Acreditamos inclusive que esse é um dos principais traços da banda: diversidade de referências, que convergem na música mais sincera que podemos entregar. Vale a pena citar as bandas de Rock/Metal (Iron Maiden, Deep Purple, Black Sabbath); os artistas de Country e Bluegrass (The Steeldrivers, Bryan Sutton); Bandas que convergem folk com outros estilos (Tuatha de Danann, Cruachan), Música Escandinava (Gjallarhorn, Eivor); Música da Espanha e Portugal; Nordestina e Mineira (Milton Nascimento) além das trilhas de filmes, séries e jogos.


PINT – Vocês são de Belo Horizonte, Minas Gerais. Como é a receptividade do público por aí? Vocês notaram esse público mudando ao longo da história de vocês?


TAVERNA – A receptividade do público sempre foi muito grande! A música irlandesa por si só é inspiradora e animada para as pessoas, mas também sentimos que a forma como tocamos e interpretamos potencializa esses sentimentos. Sempre vimos, desde o início, pessoas de todas as idades participando com muita alegria dos shows.

A questão do fan fiction também tem um forte “appeal” por ser algo nostálgico para as pessoas, fazendo com que elas sintam que esse mundo dos games, livros, sagas, RPG e séries é algo compartilhado.


PINT – O que vocês diriam (ou dizem) para alguém de BH que esteja interessado em aprender mais sobre o estilo musical de vocês?

TAVERNA – Dizemos que todos são mais que bem-vindos pra chegar junto nas redes sociais e bater um papo com a gente! Isso enquanto não existem maneiras razoáveis de se encontrar e passar um tempinho juntos de verdade. Aproveitamos para agradecer o interesse e carinho das pessoas, especialmente nesse momento em que o artista pode se sentir muito fragilizado e até incapaz de atingir o público de todas as formas possíveis para contribuir para uma melhora da situação.


PINT – Quais são as maiores adversidades que vocês encontram?

TAVERNA – Não somos uma banda com formato tradicional para os padrões brasileiros (bateria, guitarra, baixo e voz). Vários dos instrumentos que utilizamos são muito específicos e peculiares. Quando vamos fazer um show, não é incomum que os profissionais envolvidos naquele evento estejam tendo contato com a música irlandesa pela primeira vez. Isso gera vários desafios do ponto de vista técnico, mas está longe de ser o maior problema com o qual temos que lidar. A maior adversidade que encontramos é, certamente, a não valorização do músico no cenário brasileiro. Não somente o músico, mas o artista em geral ocupa uma posição muito vulnerável quando negocia para prestar o seu serviço. As propostas com condições abusivas são frequentes, mas, é claro, há também contratantes que negociam de forma digna.


PINT – O que continua inspirando vocês a tocar?


TAVERNA – Bom, cada um de nós tem uma história de vida diferente com relação à música, então os fatores motivadores de cada um vão variar. Mas, como banda, a conexão que estabelecemos com o público durante os shows nos permite transmitir muito sentimento e energia através da música. Essa mesma conexão nos possibilita receber muita coisa boa também. É inexplicavelmente maravilhosa a sensação quando o público dança e chega, literalmente, a levantar poeira ao nosso som. Para nós, o melhor lugar para se estar em um show é em cima do palco.




PINT – Vocês têm uma projeção internacional formidável! Já tocaram nos Estados Unidos, Canadá… mais algum? Como foram essas experiências para vocês? Como é a receptividade das pessoas por lá, para com a música de vocês?

TAVERNA – Como banda, apenas nos Estados Unidos e Canadá. Estamos trabalhando para voltar firme com as turnês, assim que possível! As viagens e turnês foram incríveis, com uma dose imensa de realidade, experiências adquiridas e sensação de dever cumprido, além da percepção do privilégio em poder levar a música para outros lugares e pessoas. Nos sentimos bem por ter encarado todos os desafios e voltado para casa com perspectiva de retorno. A recepção das pessoas foi absolutamente sensacional, e superou em muito nossas expectativas! Tanto público quanto contratantes gostaram muito da gente, e essa resposta de todos foi determinante para que conseguíssemos expandir nosso potencial como artistas na primeira viagem (EUA), e também para garantir novos shows marcados em cima da hora na segunda (Canadá e EUA).


PINT – Quais são os planos de vocês daqui pra frente, especialmente com o (tão esperado) fim da Pandemia?

TAVERNA – Não vemos a hora de reencontrar nosso público. Lançamos nosso primeiro álbum em meio à pandemia, e agora estamos muito ansiosos para apresentá-lo “pessoalmente” às pessoas. Também temos uma grande expectativa para a realização da nossa próxima turnê internacional, pois criamos muitas conexões e adquirimos um aprendizado valioso nas viagens anteriores.




Além do álbum "Libertas", lançado em 2020, o Spotify da Taverna também é temperado com alguns belos singles que merecem sua menção à parte. Ouça abaixo a produção da banda mineira:




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