De maneira bem direta, Céilí Bands são grupos musicais que se desenvolveram para acompanhar bailes. São bandas grandes, com instrumentos bem potentes e em grande quantidade para dar conta de um espaço largo e com bastante gente. Dentre os instrumentos pode-se ver muitos violinos, flautas, acordeão, banjo, piano, contrabaixo, bateria (bumbo, caixa e woodblock), e outros instrumentos como uilleann pipes, piccolo e até mesmo saxofone.
Mas isso não foi sempre assim. O termo “céilí” (lêia-se Quêili) vem do gaélico e é designado para “visita” ou até como um entretenimento. E estes eventos começaram quando vizinhos iam uns nas casas dos outros para se divertir. Uma espécie de versão irlandesa (e também escocesa) do churrasco de domingo ou daquele almoço em família. Nestas visitas eles recitavam poesias, cantavam, tocavam e também dançavam juntos.
Tempos depois, quando já havia ocorrido a diáspora irlandesa (por conta de uma época de fome muito severa que ocorreu no país), os grupos de imigrantes irlandeses que viviam na Inglaterra começaram a promover “céilí” como uma forma de reconstrução e revitalização da cultura. O movimento de Gaelic Revival passou a promover grandes eventos com música e dança. Eles estavam conscientes de que, nesta busca por reviver a própria cultura, estavam ao mesmo tempo, criando uma nova forma de entretenimento, pois as céilí originais eram pequenos encontros não só de dança e música. Segundo os registros históricos, o primeiro encontro destes foi em 30 de outubro de 1897, em Bloomsbury Hall, Londres.
Para trazer uma boa imagem do povo irlandês eles tiraram canções que pudessem estereotipar a imagem destes e mantiveram no repertório apenas os sets de música tradicional e valsas. Aquilo que hoje é conhecido como céilí dance, de movimentos estruturados, ainda não existia. Mas estava por começar.
Estes eventos ficaram tão populares no começo do século XX que tanto o Estado quanto a Igreja decidiram intervir proibindo bailes caseiros e informais com o objetivo de controlar a sexualidade juvenil que a dança poderia promover e também incluindo uma cobrança de taxa. Começaram a promover seus bailes comunitários em grandes salões paroquiais e isso acabou sendo “a” (sim, a grande) influência para que as céilí bands fossem o que são hoje: grandes bandas com muitos instrumentos ( e bem potentes) tocando conjuntos de tunes (sets) para casais dançarem. Por isso a necessidade de instrumentos de volume alto: para dar conta de todo o salão.
Atualmente as céilí bands estão mais presentes em festivais e competições específicos. Ainda existe um lugar para este estilo dentro da cultura irlandesa mas já não é mais aquele espaço de antes pois com o passar do tempo, cresceram outros gêneros musicais, outros tipos de eventos como as irish sessions por exemplo, dividindo o espaço.
As informações deste texto foram tiradas das newsletter do Comhaltas Brasil (CCE-BR), escritas por Caetano Maschio Santos que é músico e etnomusicólogo. Vocês podem ler mais sobre o assunto no site do Comhaltas Brasil.